Nos últimos anos temos observado mudanças drásticas no comportamento da população brasileira. Casamentos desfeitos com rapidez, adolescentes entrando cada vez mais precocemente na vida sexual, banalização das relações afetivas e acesso fácil a filmes explícitos. Gradativamente, a sociedade mundial se abriu para a sexualidade desvinculada do casamento, e quotidianamente, as pessoas hoje mais parecem agir como animais no cio do que como seres racionais. Assim como o feminismo e a ideologia de gênero, também a revolução sexual contribui significativamente para o avanço da cultura da morte no mundo através da desagregação familiar. Neste artigo, vamos apresentar o desenvolvimento desta revolução, suas consequências sobre a vida das pessoas, e a sua raiz marxista.
No outro artigo desta série, destacamos que a doutrinação marxista segundo Gramsci, deveria ser feita através de um trabalho gradual de mudança na cultura da própria sociedade e não através da luta armada. Seus representantes deveriam adotar estratégias ideológicas precisas, alterando o comportamento hegemônico, a fim de que as pessoas pudessem aceitar o socialismo naturalmente. As mudanças na sexualidade já podem ser notadas. Um movimento que surgiu na década de 60 contribuiu muito para que houvesse esta alteração de mentalidade ocidental. Tendo o sexo livre como bandeira principal, advogavam contra a castidade e o matrimônio, considerando estes como produtos da opressão aos sentimentos naturais. Segundo seus seguidores, era necessária a “libertação” do corpo movido pela moral do sistema “opressor” capitalista. Seu principal lema era “paz e amor”, não-violência e sexo livre.
O movimento hippie que descrevemos acima, possuí raízes marxistas, porém, com caraterísticas mais próximas daquilo que Gramsci pregava. Eram contra o capitalismo, a propriedade privada e a delimitação de fronteiras. Defendiam os prazeres sem limites por considerarem o paraíso como sendo o momento presente e nada mais além (Paradise Now). Criticavam a abstinência, a castidade, o ascese e o controle sobre concupiscível, típicos da vida cristã, defendiam liberdade sexual e advogavam por relações abertas e pelas práticas hedonistas que não se limitavam apenas à busca do prazer sexual mas também através do uso de drogas e alucinógenos.
Por não acreditarem na existência de um Deus, buscavam viver independente de regras, este aspecto em especial fomentou a rebeldia de muitos filhos que em busca de uma pseudo-liberdade, deixavam suas famílias e lares para se juntarem ao grupo dos “descolados”. Em busca do prazer momentâneo, pautado sobretudo na descrença da vida eterna, se entregavam aos vícios unindo-se às comunidades separadas e vivendo de bens produzidos artesanalmente. Nessa época, muitos artistas se integraram a este modo de vida, expressando suas ideologias através de músicas no ritmo do Rock. Neste momento surge um lema famoso que atravessou épocas: sexo, drogas e rock and roll. Muitos até hoje, apreciam as músicas com os lemas oriundos destes grupos e sequer se dão conta das ideologias por trás das mesmas, é o que ouvi pouco tempo atrás em uma rádio de músicas sertanejas, com comentários sobre a vida de John Lennon. Não há nada de errado na defesa da paz, o grande problema é o que está por de traz desta defesa, ou seja, uma “paz sem Deus”, conforme defendiam os componentes do movimento. Este jargão inclusive, tornou-se uma insígnia da época. Mas diante de tudo isso perguntamos: é possível que exista uma paz sem Deus?
O mundo contemporâneo aprendeu bem como agir em busca do prazer, mas apesar da suposta “liberdade” oferecida em nossos dias é cada vez mais crescente o número de pessoas infelizes. Isso acontece porque imerso num mundo materialista e cegados pela engenharia social existente, as pessoas não conseguem compreender a essência humana, composta de uma carne que nos liga ao mundo e uma alma que liga o homem a Deus.
Santo Agostinho, em sua obra Cidade de Deus, afirma que o gênero humano vive sob a ordem de dois mundos: um mundo voltado para as preocupações temporais, e movidos então pela carne (Cidade dos homens) e outro dado à vida espiritual e portanto, voltada para Deus (Cidade de Deus). Quando o homem se concentra no primeiro mundo, se afasta das coisas de Deus e passa á viver em função da carne, porém, quando se concentra do segundo mundo, aproxima-se de Deus, e por consequência, sua mente e sua alma se elevam para a sabedoria divina. O principal problema de nossos tempos é o excesso de valor que o homem contemporâneo tem dado ao sentido carnal de sua existência. Os prazeres momentâneos não conseguem preencher aquilo de que a alma necessita, este fato em especial tende a causar uma série de sofrimentos que tem levado nossos jovens cada vez mais a seguir o caminho escuro, cujo fim é o suicídio.
Os valores cristãos da castidade, do matrimônio e das relações sexuais naturais (métodos billings e outros que excluem o uso de contraceptivos) estão sendo gradativamente destruídos. Basta ver como a mídia banaliza estas virtudes através de novelas e outros programas lascivos que pasmem eu, estão sendo apresentados em horário nobre, à vista das crianças. Graças à cultura da morte e o abandono das relações para com Deus, observa-se que até mesmo dentro da Igreja os jovens não procuram o casamento. Certo dia, numa cerimônia de crisma realizada na Paróquia em que participo, o Bispo que presidia aquela missa, pediu que levantassem a mão aqueles que pretendiam se casar futuramente, e para minha surpresa, nenhum jovem levantou a mão. Este fato mostra como o mal da revolução sexual já atingiu os jovens dentro da nossa própria Igreja.
É cada vez maior o número de pessoas frustradas, exatamente porque ainda não encontraram a resposta que buscam para suas almas. A revolução sexual acabou com todas as saídas, basta entrar num site para abrir o e-mail que na página inicial aparecem imagens e palavras de apoio às relações sexuais desregradas. Tudo aquilo que cultura Hippie pregava na década de 60 ainda ecoa de maneira forte em nossos dias. Então o que fazer perante esta situação??? Retomar o que a cultura da morte destruiu, ou seja, voltar à castidade e à procura da Cidade de Deus através dos sacramentos e principalmente, via trabalhos pastorais na comunidade para ocupar a cabeça com os bens celestes, diante da pornografia aberta em todos os lugares. Além disso, é sempre importante ter uma conversa franca e diálogo constante com os filhos a fim de instruí-los no caminho da verdade e da castidade.
Santa Agueda, Virgem e Mártir, rogai por nós na luta contra a revolução sexual
REFERÊNCIAS
Santo Agostinho, Cidade de Deus. 2 Edição. Fundação Calouste Gulbenkian
Infoescola, Cultura:Hippies. www.infoescola.com/cultura/hippies/
Espaço acadêmico, O marxismo Gramsciano: política e liberdade. www.espacoacademico.com.br/083/83protasio.htm