terça-feira, 28 de julho de 2015

A quem interessa um Estado Ateu?

Uma das questões que geram grande controvérsia nos meios seculares e religiosos. Será possível mesmo que exista algum Estado plenamente livre de qualquer concepção seja ela religiosa ou filosófica?



   Não raras vezes ouvimos pessoas afirmarem que a “intromissão” dos valores cristãos no âmbito político é inadmissível já que Estado é Laico e que portanto, os assuntos de ordem religiosa, devem ser relegadas única e exclusivamente ao plano da vida privada (capelas, templos, casas e igrejas) e não se sobrepor à questões de ordem política, uma vez que estas perpassam o ambiente particular e acabam por alcançar a esfera pública. O que a maioria dessas pessoas desejam na verdade é a exclusão daqueles que professam sua fé, ou ainda, a censura de voz ou opinião das pessoas que de alguma forma ou de outra possuem algum credo nas decisões de vida comum. Demonstraremos neste artigo, por que estes argumentos não são válidos e qual o interesse daqueles que militam a favor de um país livre de influências da religião.
   Essa questão gera grande confusão, principalmente por parte daqueles que ignoram o real sentido da palavra. Quando se afirma que o Estado é Laico, diz-se que devem ser respeitadas todas as formas de religião e filosofias e não que estas devam ser extintas, pois assim, se configuraria um Estado Ateu, onde a prática religiosa não é permitida ou é cerceada[1], como é o caso de algumas ditaduras comunistas como a da Coreia do Norte [2]. A mesma definição de Estado Laico, logo em seguida, acrescenta-se como: aquele que não é influenciado pelas regras de nenhuma religião. É justamente essa definição que causa grande confusão, pois é difícil ao homem não seguir até mesmo na política as suas convicções próprias. Por exemplo, ao se deparar com questões que envolvem alguma decisão moral, muitos dos que estão no poder farão valer de alguma maneira ou outra o seu pensamento, no qual está enraizada alguma crença ou filosofia. Não há como separar o homem público, de suas concepções internas sejam elas religiosas ou não.
   A exigência de um Estado sem a influência de religiões é justo e legítimo quando por exemplo, um grupo de pessoas procura impor sua crença à força sobre os demais em sua nação, como vem ocorrendo no Oriente com a ascensão do grupo extremista Estado Islâmico, que ameaça toda uma população com o fim de obter um Estado Totalitário e submisso às leis do islamismo. No caso de uma democracia como o Brasil, a escolha de candidatos se dá pelas suas propostas e por consequência, estas serão decisivas quando da eleição de um candidato. Este representará a maioria da população, bem como os seus anseios sejam eles de ordem moral ou material.
   Nos últimos meses, principalmente por conta do retorno da Ideologia de Gênero nos planos de educação do país, muitos promoveram manifestos gritando aos quatro cantos desta nação que o Estado é Laico. Na verdade, este episódio demonstra muito bem que numa democracia se faz valer a vontade da maioria da população. Os propositores desta ideologia por exemplo, participam de uma corrente filosófica que defende a estatização total da educação das crianças e dos jovens, de modo que, até mesmo os valores morais que sempre foram prerrogativas dos pais, deixem de ser ensinados pelos mesmos. No entanto, por força dos princípios basilares desta nação, arraigado em uma sociedade constituída pelo respeito às decisões do núcleo familiar, prevaleceu a exclusão deste item entre as metas.
   Assim funciona a democracia, foram colocados num mesmo plano aqueles que por sua orientação filosófica eram favoráveis à inclusão da terminologia gênero na educação e aqueles que eram contrários à mesma uma vez que isso cercearia o direito dos pais em educarem os seus filhos. Depois de muito debates prevaleceu esta última por maioria de votos, que em nada contrariou os anseios da maioria da população. Portanto, em nossa sociedade Ocidental, diversamente do que se observa no Oriente, não se tenta impor sobre a sociedade o pensamento religioso, mas pelo contrário, de forma democrática no embate de questões opostas prevaleceu o desejo da maior parcela da população.
   Este episódio da história do Brasil no entanto traz em si algo de preocupante. Se no plano Nacional de Educação optou-se por se retirar estas questões, por que então o Governo propôs novamente inserção desta questão nos planos municipais e estaduais? Parece ser esta, mais uma estratégia de se impor a vontade de poucos à força sobre os demais membros da sociedade. Nisto consiste os planos de uma minoria que possuí uma determinada linha filosófica que não alcança no curto prazo, um Estado Ateu e busca imprimir à força sobre o restante da população os seus ideais, mesmo que estes não aceitem.
   Outra proposta destes militantes é a exclusão de qualquer símbolo religioso dos lugares públicos. Na verdade, isto não é possível já que a sociedade expressa inevitavelmente a sua cultura, e sendo assim, eliminar os símbolos religiosos significa antes de tudo, excluir a maioria da população e sobretudo a sua história. Já parou para pensar se essa moda pega, quantas cidades do país terão seu nome modificado, visto que a maioria delas possuí nome de algum Santo? Fazer isso, significa apagar a história de todo um povo e substituí-lo por uma nova regra. É assim que se pretende inserir um Estado Ateu, onde sejam apagadas ou relegadas ao esquecimento, todos os resquícios históricos e culturais que formaram a sociedade. Respondendo então à pergunta na epigrafe deste artigo, são justamente a estes que interessa o Estado Ateu, livre de concepções religiosas mas prioritariamente composto de posições filosóficas.


REFERÊNCIAS
2. http://www.acidigital.com/noticias/coreia-do-norte-proibe-os-catolicos-de-irem-a-missa-do-papa-francisco-em-seul-40036/

terça-feira, 21 de julho de 2015

Imagem depredada pela 5ª vez: A Iconoclastia dos nossos tempos



   Uma imagem de Nossa Senhora das Graças, que fica na praça anexa à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Zona Leste do município de Londrina foi depredada pela 5ª vez. Isso mesmo, você não está ouvindo coisas! por cinco vezes seguidas a imagem foi alvo do ataque de intolerantes [1]. Em que pese este fato absurdo, a destruição dos símbolos católicos vem se tornando algo comum em nossos tempos graças ao fanatismo de alguns, e o ódio de muitos outros que buscam a imposição “goela abaixo”, por assim dizer, dos seus “ideais” nefastos sobre toda a sociedade cristã.
   Num dos primeiros episódios, a imagem teve o nariz e as mãos serradas, mas 5 dias após a restauração da mesma, a cabeça foi arrancada. Moradores afirmam que desde a sua introdução na praça, a imagem foi alvo de inúmeras depredações, inclusive, já ocorreram casos de apedrejamento e queima da mesma. Algumas pessoas informaram que até pouco tempo atrás, a praça era local de peregrinação de católicos que visitavam a imagem e rezavam o terço, mas desde que o local deixou de contar com a estrutura adequada (iluminação) e devido aos frequentes atos de vandalismo, o local deixou de receber visita dos fiéis [1]. Muitos Católicos ficaram abalados com a atitude dos intolerantes.
   Fatos como estes nos fazem lembrar do movimento Iconoclasta surgido nos Século VIII, que tinha sob as ordem do Rei Leão III, a missão de destruir todas as imagens sacras como forma de “purificação” do cristianismo, a partir de uma interpretação superficial das Sagradas Escrituras [2], tal como fazem nos dias de hoje os protestantes. Parece que este movimento retornou e ganhou força em nossos dias graças ao império relativista que avança sobre a Sociedade Ocidental.
   Há um ano atrás, o blog o catequista denunciava a destruição de imagens sacras na Igreja Matriz da cidade de Montes Claros em Minas Gerais. Na ocasião, um jovem, membro da Igreja Universal do Reino de Deus, com uma pedra na mão, agrediu o funcionário encarregado pela segurança da Igreja e ameaçou os fiéis que ali se encontravam, e logo em seguida, destruíra tudo o que encontrava pelo caminho [3]. Não é de hoje que os membros desta seita atacam imagens sacras, num outro episódio, um pastor pertencente a esta denominação chegou a chutar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida num caso que repercutiu sobre o país inteiro.
   Os ataques às imagens e aos católicos em si, não param por aí. Durante a visita do Papa Francisco ao Brasil em Julho de 2013, militantes do movimento denominado “Marcha das Vadias”, protagonizaram uma das mais grotescas cenas de cristofobia que já existiu na história do Brasil. Além de quebrar inúmeras imagens de santos católicos, fizeram gestos obscenos introduzindo crucifixos no ânus como forma de “protesto”. Tornou-se unânime entre este tipo de movimento, o ataque ao cristianismo, vide a última edição da Parada do Orgulho Gay em São Paulo, no qual um transexual fez uso da imagem de Cristo crucificado para promover um “manifesto”, contra a homofobia [4].

Movimento "Marcha das Vadias" quebram imagens Sacras
durante a visita do Papa à JMJ em 2013.

   Na Europa, o marxismo itinerante já invadiu inúmeras instituições de ensino e vem reforçando cada vez mais o ódio ao que é de Deus. Crianças estão sendo induzidas a odiar o cristianismo, veja-se o caso das crianças francesas que jogam tomates na imagens de Cristo numa apresentação teatral [5]. Há que se considerar ainda a profanação de templos católicos, arrasados pelo grupo Fêmen, que além de causar constrangimento aos que ali estavam rezando, entrando seminuas no templo, destruíram inúmeras imagens por onde passavam [6]. Como na Europa, o pensamento marxista já se enraizou graças à doutrinação ideológica no continente, não houve punição nem contra os atos obscenos e sequer contra a destruição causada, e pior, os seguranças que tentaram conter as feministas é que foram punidos.

Crianças de uma escola de Paris, atiram objetos contra uma
imagem de Jesus Cristo

   A mídia secular busca mascarar estes acontecimentos, na verdade, todos os dias lançam imagens fazendo apologia ao aborto, união gay e a traição como forma de “combater” tabus de intolerância na sociedade. Episódios tristes de destruição como estes que foram apresentados acima sequer são noticiados e não muitas vezes causam apatia da população. Este tipo de ato, não é senão uma busca desenfreada pela colocação dos cristãos, especialmente católicos, numa classe secundária sem voz e nem vez, apresar de representarem a maior parcela da população. Num destes noticiários sobre o acima ocorrido, notei que no comentário algumas pessoas afirmaram que este tipo de imagem deve ficar restrita aos templos e não deve ser exteriorizada já que o Estado é Laico. Num próximo post trataremos deste assunto, mas é importante perceber que se tenta fazer no Brasil o mesmo que foi feito na Europa: tratar os cristãos como uma classe sem participação na vida política da sociedade. Assim estes não poderão sequer manifestar seus anseios perante a sociedade.
   Em tempos de luta espiritual resta-nos apenas fazer a nossa parte. Indignar-se é necessário, não de uma forma violenta como se propunha nos movimentos comunistas, mas não considerar estes fatos como uma consequência natural da sociedade e sim como uma patologia que avança devastando a própria construção da Civilização Ocidental. Que Deus nos dê forças perante os tempos difíceis que haveremos de enfrentar em nosso país se este tipo de coisa passar despercebida.
   Na época do levante do movimento Iconoclasta, surgiu um grande doutor na Igreja que autuou com sabedoria nesta época difícil, e por conta da sua defesa da verdade nessa discussão, foi perseguido pelo Rei Leão III, incitador do movimento antes apresentado, inclusive, conta-se a tradição que o mesmo teve sua mão amputada e restituída depois de suplicar à Nossa Senhora para que esta pudesse interceder pela reposição do membro, do qual logo em seguida foi atendido. Trate-se de São João Damasceno, que recebeu o título de Doctor Asumptiones, pelo seu grau de aprofundamento no dogma da Assunção da Virgem Maria [7]. Precisamos de mais doutores como estes em nosso mundo contemporâneo.

São João Damasceno, Rogai por nós!


REFERÊNCIAS
1. Jornal de Londrina, imagem de Santa é atacada por vândalos pela terceira vez seguida em menos de 30 dias. <Acesso em 21/07/2015>
2. http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/iconografia/a_iconoclastia.html.<Acesso em 21/07/2015>
3. http://ocatequista.com.br/archives/13159. <Acesso em 21/07/2015>

terça-feira, 14 de julho de 2015

Para entender os recentes sacrilégios à Cruz de Nosso Senhor Jesus



   Na última semana, um fato bastante preocupante chamou a atenção de boa parte da mídia secular e Católica, embora ambas tivessem uma compreensão muito diversa sobre o assunto. Nos referimos ao “presente” que o líder da nação boliviana, Evo Morales, entregou ao Papa Francisco no último dia 09. Alguns veículos de comunicação, deram a entender que o Sumo Pontífice não aprovou o dito regalo, fato este que pode ser constatado tanto pela sua feição quanto por força de algumas palavras que este teria dito. Não se pode afirmar com certeza qual a posição efetiva do Santo Padre diante disso, mas, comentários à parte, é certo que tal escultura não tem traz em si uma menção simbólica conforme alguns estão dizendo, e sequer foi dado de presente com este fim, e isso é tão claro como a água conforme demonstraremos adiante.
   Em primeiro lugar, todos sabem disso, mas é sempre bom lembrar que não é possível conciliar o cristianismo com o marxismo, pois para este último a religião é o “Ópio do Povo” e portanto, deve ser eliminada pois representa um entrave à Revolução do proletariado. Vale lembrar ainda que para o marxismo, aliados são todos aqueles que estão a favor da revolução, e sendo assim, todos que a prejudicarem devem ser eliminados. Este tipo de pensamento amainou-se ao logo do tempo, diante da classificação de quem seriam os "aliados", foi justamente por este motivo que no passado, muitos homossexuais foram levados em peso aos campos de concentração soviéticos durante a Revolução Russa [1], mas estão sendo hoje, utilizados como massa de manobra pelo movimento esquerdista sob a força de uma propaganda em torno da “igualdade”.
   Este acontecimento do último dia 9, apenas demonstra o grau de avanço que o Comunismo atingiu sobre América Latina, que não respeita sequer o símbolo central da nossa salvação, porém, não se trata de um fato isolado, pois tornou-se moda o abuso dos símbolos cristãos nos últimos tempos. Na última edição da Parada Gay de São Paulo, um transexual nu fez uso da imagem de Jesus Crucificado na passeata, alegando tratar-se de um apelo para “combater a homofobia”[2]. Nos últimos dias, temos acompanhados atônitos, o uso indiscriminado de um aplicativo do facebook que permite colocar sobre as fotos de perfil, as cores do arco-íris em comemoração à legalização da união homoafetiva nos Estados Unidos, além do uso de lemas como “Love Wins” que na tradução significa “O amor Vence” em apoio a este acontecimento. Já explicamos num outro artigo recente aqui deste blog, que se tratam de símbolos cristãos utilizados como meio de agaranhar novos adeptos nos meios confessionais.
   Tratando especificamente do último fato estarrecedor, resta-nos rezar com firmeza tanto pelo nosso Santo Padre quanto pelo povo daquela infeliz nação. A cruz de Cristo, é para nós cristãos o sinal definitivo da salvação e da nossa vocação no seguimento da Boa Nova, e portanto, a sua substituição por qualquer outro símbolo significa alteração de toda o sentido do evangelho. Ao colocar os símbolos do comunismo (martelo e foice) no lugar da cruz, substitui-se o sacrifício salvífico pela revolução sanguinária que dizimou milhares de cristãos e que se expande pelo mundo causando morte do corpo e da alma. Quantos cristãos não são perseguidos diariamente nos países comunistas? Qualquer pessoa que escutasse esta pergunta pensaria que isso é coisa do passado, mas basta se aprofundar na análise dos regimes totalitários da Coreia do Norte que sequer autoriza a entrada de bíblias no país, pois o Governo censura quaisquer obras que não se enquadrem nos seus propósitos ideológicos [3]. Há que se considerar ainda as mudanças que vem sendo inseridas em alguns países como a aprovação do Aborto, graças aos ideais materialistas propostos pelo marxismo “Ocidental”, que também não deixa de ser um assassínio de inocentes.
   Segundo algumas fontes próximas, o tal “presentinho”, foi idealizado por um Padre Jesuíta que viveu na Bolívia na década de 1980, que desejava o “diálogo” de cristãos com o movimento operário em geral, incluindo os marxistas [4]. É possível dialogar com pessoas de mentalidade revolucionária que sequer aceitam os princípios básicos que construíram a nossa sociedade através do cristianismo? Alguns poderiam cair na tentação de acreditar que tal símbolo de fato simboliza a cruz dos cristãos nos dias de hoje, e de fato o é, porém, a cruz tem um sentido ainda mais profundo, que juntamente ao sacrifício requer conversão para a salvação, o contrário do que os marxistas desejam, estes não querem conversão, antes preferem permanecer nos erros de sua ideologia. Este símbolo além de um grande sacrilégio é ao mesmo tempo uma inversão dos valores cristãos (materialismo em oposição ao espiritualismo do Reino), não possuí nada que faça as pessoas meditarem sobre qualquer tipo de diálogo.
   Ninguém impede ou censura que se façam artes deste tipo afinal, todos são livres para fazer o que quiser, porém, este tipo de atitude para os cristãos significa antes de tudo, uma afronta aos seus valores. Jesus dialogava com pecados confessos, prostitutas, cobradores de impostos e adúlteros mas exigia antes de tudo a conversão dos mesmos, mas com os alguns não era possível, pois estes não queriam sair sai do “erro”, e mais, o crucificaram justamente porque queriam calá-lo. Não há como dialogar com pessoas que estão abertas à conversão, e pior, estes procuram induzir os mais incautos aos seus próprios erros a partir de suas ideologias nefastas. Há que se considerar ainda que os métodos de debate com marxistas não se baseiam na busca da verdade, uma vez que para estes não existe verdade, então fica difícil obter qualquer tipo de diálogo.
   Por fim, acrescentamos que não sabemos dizer o que se passa na cabeça do Sumo Pontífice sobre os últimos acontecimentos, porém, devemos ter em mente que ele continua sendo nosso guia aqui na terra e se ele emitiu elogios ao “presentinho” como alguns afirmam, o fez de forma ex cathedra, e portanto, não alterou a doutrina moral da Igreja, e sendo assim, devemos continuar obedecendo a Santa Igreja e respeitá-lo como nosso pastor apesar destas circunstâncias.

REFERÊNCIAS
2.Blog do Padre Paulo Ricardo. Orgulho Gay ou Manipulação
4.Blog Frates in Unum <http://fratresinunum.com/2015/07/13/o-meu-reino-nao-e-deste-mundo/> acesso em 13/07/2015

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O Dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria



   Entre dos pontos mais atacados pela doutrina protestante em nosso tempo presente, estão sem dúvida aqueles que fazem referência à Santa Mãe de Deus, entre os quais está o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Não é incomum escutar questionamentos sobre o embasamento bíblico para considerar Maria como uma mulher santa e digna de orações dos fiéis aqui da terra. Também não é de se admirar a discussão em torno destes argumentos já que para se compreender os dogmas Católicos não basta somente a palavra de Deus isoladamente, mas um entendimento profundo do contexto e da coerência teológica que existe por detrás de cada mistério. Vamos apresentar as respostas para este questionamento específico, através bases lógicas expressas no Sagrado Magistério, e na obra principal de um dos maiores doutores da Igreja de todos os tempos: São Tomás de Aquino, através da Suma Teológica.
   Em que pese o reconhecimento prévio deste conceito teológico, muito antes nas obras de São Tomás de Aquino e de outros patrísticos que lhe precederam, este somente veio à ser declaradamente reconhecido em 1854 pelo Papa Pio IX, mas nem por isso a comunidade cristã deixou de reconhecê-lo nos períodos anteriores. De fato, não se encontram vestígios explícitos deste conceito nas Sagradas Escrituras, porém, essa mesma atesta que a mãe de Jesus recebeu uma graça peculiar antes mesmo de conceber o Cristo quando o Anjo chama Maria de “Cheia de Graça”[1]. Ora, para que o verbo pudesse habitar algum ventre na terra, este não poderia estar manchado por qualquer pecado pois Deus não habitaria templo algum sujo pela iniquidade.
   Além das Sagradas Escrituras, a Igreja conduz seus fiéis através do Sagrado Magistério que esclarece o conteúdo apresentado pela palavra de Deus. Sobre este dogma, o Catecismo atesta a lógica já identificada anteriormente, qual seja, a de que Maria precisou ser purificada do Pecado Original a fim de que este não fosse transmitido através da carne ao Verbo Divino, nisto consiste o dogma da Imaculada Conceição de Maria [2]. Essa questão fica ainda mais clara sobre a observação de Santo Tomás de Aquino, senão vejamos:

"Ele é em efeito, o Verbo de Deus. Então, o Verbo é concebido sem corrupção alguma do coração, não somente isto, mas a corrupção do coração não permite a concepção de um verbo perfeito. Por consequência, como o Verbo tomou a carne para que fosse carne do Verbo, seria conveniente que também fosse sem corrupção a sua mãe."[3]

   Perante essa afirmação de Santo Tomás não restam dúvidas de que a santificação do verbo, para salvar a humanidade do pecado, necessitava de uma carne pura e livre do pecado original que seria transmitido para o filho de Deus no caso da mãe ser manchada pelo mesmo. Maria foi assim, Imaculada e argumentar contra isso seria o mesmo que justificar a impureza do próprio Verbo.
   No que concerne a intercessão de Maria, que também é atacada pelos irmãos separados, podemos argumentar da seguinte maneira. Na passagem descrita em Mateus [4], Jesus envia os 12 apóstolos e lhes dá o poder de curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios. Ora, se o próprio Cristo deu este poder aos discípulos aqui na terra porque isto cessaria após o martírio dos mesmos? O que dizer então daquela que trouxe o Verbo ao mundo? Não receberia essa graça ainda maior no céu junto ao seu filho pois antes do Verbo convocar os seus Maria já era chamada a participar da obra da Salvação.
   Estas são uma parte de várias explicações e conjecturas que podemos fazer em torno deste tema que gradativamente vamos tratar aqui neste blog. Por fim, vale lembrar que, todo o ataque incitado pelos protestantes contra a Igreja, giravam invariavelmente em torno da falta de compreensão sobre os fundamentos da nossa fé. Não se pode julgar sem antes analisar, por isso, precisamos sempre nos aprofundar. Que Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida seja a nossa guia nesse Apostolado

Nossa Senhora Aparecida, Rogai por Nós!


REFERÊNCIAS
1. Evangelho de São Lucas 1,28
2. Catecismo da Igreja Católica § 491
3. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. III, q.28, a.1
4. Evangelho de São Mateus 10,8-10