quarta-feira, 30 de março de 2016

O modelo familiar constituído pela união entre homem e mulher estaria ultrapassado?

Estaríamos retroagindo, ao labutar em pleno século XXI, por este modelo familiar?

   
   A votação do Estatuto da Família na Câmara de Deputados suscitou inúmeros debates e descontentamentos principalmente por parte da ala da Casa chamada de “progressista”. Em que pese o teor das discussões, com base nos argumentos apresentados por ambos os lados, e que já foram exaustivamente debatidos neste blog; muitos insatisfeitos com o resultado, ainda postulam pelo alargamento do conceito de família estabelecido, contrariando aquele definido no preâmbulo do dito Estatuto, para que este possa abranger também outros arranjos, alegando que o modelo dito “tradicional”, já estaria ultrapassado, e sendo assim, não representaria mais na sociedade, a moderna concepção de família. A principal discussão, gira em torno das uniões homoafetivas.
   Não entraremos no mérito da discussão do Estatuto, cujos pontos já foram discutidos em outro post, porém, no que concerne ao conceito de família, seria possível dizer que em função das mudanças sociais o modelo formado por um casal heterossexual seria ultrapassado conforme alegam alguns? As mudanças ocorridas no mundo devem ser acompanhadas também pelas novas formas de união? A História demonstra que relações entre pessoas do mesmo sexo estiveram presentes em várias culturas e épocas, e portanto, não se trata de algo típico de nossos tempos, porém, é fato consumado que entre as civilizações nas quais esta prática esteve presente, sempre predominaram paralelamente, as relações desreguladas, onde o prazer deveria ser alcançado acima de tudo; a cultura hedonista preponderava nestas sociedades [1]. Até mesmo o Apóstolo Paulo, levantou esta problemática em alguns trechos específicos da escritura, quando se dirige aos pagãos [2].
   No limiar do Século XX, era consenso entre grande parte de nossa Sociedade, o entendimento de que as relações sexuais deviam ser direcionadas à formação da família. Esta concepção não foi formada repentinamente, mas se deu graças ao crescimento do cristianismo, que ao longo dos últimos 2 milênios, expandiu no mundo a concepção da sacralidade nas relações afetivas, bem como o respeito mútuo no matrimônio [3]. Percebe-se ainda que a concepção do sagrado e respeito entre cônjuges e filhos não era muito comum na Roma antiga; segundo a legislação romana os filhos poderiam ser vendidos ou mortos conforme a deliberação do próprio pai [4]. Durante a década de 1960, em virtude da ascensão dos movimentos de revolução sexual, novamente abriram-se as portas para a destruição do modelo predominante, e este veio se esfacelando ao longo dos anos, de modo que em nossos dias, a sacralidade do casamento está sendo abandonada paulatinamente, em detrimento da nova ascensão da cultura hedonista.
   Nossa sociedade pós-cristã, vai aos poucos se retroagindo e se tornando cada vez mais parecida com a romana pagã, anterior do cristianismo. A cultura judaico-cristã, fundamentada na concepção de que todo ser humano possui uma alma, e que esta portanto, merece respeito independentemente da legalidade, vai sendo aos poucos relativizada, num mundo em que o prazer supera a dignidade da pessoa. No entendimento da sociedade atual, a pessoa com quem me relaciono, ou a possibilidade de filho surgir dessa relação não tem maior importância que o ápice momentâneo do prazer carnal, levado a cabo por nossas concupiscências. É o instinto animal superando a alma racional, ou em outras palavras, é fazer uso que há de comum entre os animais brutos (apetite concupiscível), sem lançar mão do que nos diferencia das outras criaturas (razão).
   As famílias chamadas de monoparentais, constituídas de um só homem com filho, tios com sobrinhos entre outros, muito comuns em nossos dias, tem como origem a união entre pessoas de sexo diferentes, e portanto, não representariam uma mudança ou troca de papéis nas relações naturais, assim reconhecidas como aquelas que são passíveis de geração de vida, e por este motivo, também foram contempladas no Estatuto. Diante das argumentações abordadas, pode-se afirmar que embora muitos postulem pela modernização da família, não se pode escapar dos registros históricos que muito claramente demonstram a importância da sacralidade no matrimônio e o respeito ao outro, que só é possível em nossos dias porque o cristianismo, base da civilização ocidental. O afastamento do homem e sua relação com Deus, não terá outro efeito senão o fim do respeito pela vida humana. Que Deus nos ajude a vencer esta difícil batalha em favor da família e do respeito à vida.

REFERÊNCIAS
2. Romanos 1,27/1 Coríntios 6,9-13
3. Colossenses 3,18-21