domingo, 25 de setembro de 2016

A confusão formada por católicos "light" em torno do diálogo inter-religioso

Um vídeo recente do Papa Francisco sobre a necessidade do diálogo inter-religioso tem gerado uma grande polêmica entre aqueles que não compreenderam a integralidade da sua mensagem   


   Recentemente, o Santo Padre o Papa Francisco tem feito um excelente uso dos meios de comunicação modernos para difundir a mensagens de paz ao mundo inteiro. Estes meios são muito eficazes para a disseminação do evangelho, tanto é assim que um grande número de sacerdotes tem feito o mesmo para que a verdade do evangelho seja conhecida e abraçada por todos. Se no início da Igreja primitiva, as barreiras geográficas não foram capazes de sucumbir a evangelização, quanto mais hoje diante de tantos meios, a Boa-Nova da salvação tem se tornado mais acessível e presente em nossos lares.
   Se por um lado, o uso dos meios de comunicação tem garantido um avanço promissor na evangelização, por outro lado, geram como algo inerente à sua estrutura, uma verdadeira confusão quando aqueles que o recebem não conseguem compreender a mensagem transmitida dentro do seu contexto. Assim como a palavra de Deus exige uma série de pressupostos para o conhecimento do seu conteúdo de forma integral, também as informações geradas nas mídias sociais, requerem um conhecimento profundo ex-ante a fim de garantir que o verdadeiro teor da mensagem alcance o seu objetivo.
   Um destes vídeos do Papa vem causando uma série de erros de interpretação, especialmente por parte daquelas pessoas que se dizem “católicas” mas que curtem uma vez ou outra, frequentar centros espíritas ou seitas protestantes, especialmente quando se trata de buscar milagres, curas e outros feitos extraordinários que a pessoa considera para si como necessário e indispensável. O absurdo maior ainda, foi constatar que grande parte destas pessoas ocupam posições de destaque dentro de paróquias mas não compreendem sequer as verdades essenciais de sua fé.
   O vídeo ao qual nos referimos, encontra-se disponível abaixo, e trata-se de uma bela mensagem em que o Papa Francisco exorta os fiéis católicos a promoverem o dialogo inter-religioso. Na mensagem, aparecem pessoas de quatro crenças diferentes: judaísmo, cristianismo, budismo e islamismo. As palavras do Sumo Pontífice aparecem no vídeo animando o respeito entre as crenças uma vez que a fé e a prática religiosa, apresentam maiores pontos de intersecção que o ateísmo, e por isso, o diálogo torna-se viável.


   A confusão foi montada especialmente pelo erro de compreensão, uma vez que muitos tomaram a iniciativa do Papa como forma de legitimar o sincretismo religioso. Isto de muito convém para aqueles que não exercem de modo firme a sua fé e já deixaram se levar pela ideologia relativista que impera em nossos dias como já apresentamos em outro artigo aqui neste blog. Em que pesem as inúmeras argumentações equivocadas, uma só resposta faz cair por terra toda o proselitismo contrário à verdade: se o Papa estivesse considerando que todas as religiões são verdadeiras ou abrindo caminho para o sincretismo, estaria contrariando o evangelho e até mesmo faltando com a devida caridade  para com aqueles que durante a história da Igreja, deram seu sangue para defender a verdade única contida no evangelho. Lembremos que foi o próprio Cristo quem disse que: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao pai senão por mim [1]
   Conforme dito no início deste artigo, a compreensão de uma mensagem em sua integralidade, só será efetiva à medida que consideremos o contexto da mesma, é por este motivo, que muitos católicos fazem confusão ao tratar de temas espinhosos como a inquisição e as cruzadas. Voltando ao assunto, precisamos compreender que vivemos em um tempo difícil, especialmente quando se trata da questão religiosa. De um lado, inúmeros ataques motivados por questões religiosas que se alastram pelo continente europeu, e de outro, a ideologia mundana que tenta irromper definitivamente com a dignidade da pessoa humana através do aborto por exemplo. Essa última ideologia tem cada vez mais o apoio de pessoas sem crença. Vejamos a importância, por exemplo, do diálogo inter-religioso, ao tratar da questão do aborto no Brasil, que faz Católicos, Evangélicos e Espíritas a se unirem em torno da mesma causa.

Marcha contra o aborto reúne católicos, evangélicos e
  espíritas no Centro da cidade de Campo Grande - MS 
      
   O vídeo do Papa, em nada muda a doutrina da Igreja, que sempre foi favorável ao diálogo entre as religiões, especialmente aquelas que têm aspectos em comum como as que foram apresentadas no vídeo, entretanto, a evangelização e a difusão da verdade do evangelho em nada devem mudar, antes irá suscitar a aproximação da fé legítima. No contexto atual, a mensagem do Papa Francisco vem sem dúvida, mostrar a importância do respeito através do diálogo entre as religiões sem que com isso, se deixe de buscar a evangelização por meio da Boa-Nova trazida por Cristo. Peçamos a intercessão de São Maximiliano Kolbe, aquele que em meio ao sofrimento da segunda guerra, se fez um servidor e evangelizador entre os judeus até o fim, sendo por isso mesmo martirizado por levar este trabalho ao extremo. São Maximiliano Kolbe, rogai por nós.

REFERÊNCIAS
  1. João 14,6

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Fertilização In Vitro e barriga de aluguel: seres humanos disponíveis na prateleira

Conheça a verdeira problemática em relação ao assunto e por que devemos ser contrários à FIV

   Existe uma polêmica grande quando se trata do tema Fertilização In Vitro. Apesar da boa disseminação pelas redes sociais, poucos são os meios que evidenciam de fato a verdadeira e mais problemática face desta questão. Apesar da pouca ênfase, é importante lembrar que no contexto atual, no qual se aprofunda a relativização da humana, potencializada pelo avanço da revolução sexual, o assunto tende a ser tratado de forma parcial, sem que se mostrem os resultados abomináveis que provém do mesmo.
   É importante compreender antes de tudo o que é a Fertilização in Vitro ou FIV como é mais comumente conhecida. Trata-se de uma técnica de reprodução assistida que consiste na coleta de gametas masculinos e femininos, de modo que a fecundação ocorre em laboratório de forma manipulada (por isso do nome “In Vitro”) até que o embrião esteja pronto para em seguida, ser implantado no útero, a fim de que se dê continuidade à gestação iniciada fora do ambiente natural. Até aqui, as informações que se têm a respeito da técnica são unânimes, bem como as críticas que são disparadas contra a Igreja e outras pessoas que veem a questão sob um âmbito mais liberal. No entanto, os interesses e problemas por detrás da temática são muito mais profundos que a mera visão técnica ou processual como se pretende apresentar à sociedade.
   Em primeiro lugar, trabalhando mais profundamente sob o conteúdo técnico da questão, importa ressaltar que neste tipo de reprodução as chances de sucessos variam diretamente com o número de embriões gerados, de modo que um procedimento será tanto mais eficiente quanto maior o número de embriões excedentes para garantir o resultado desejado [1]. O que fazer então com este excedente? Geralmente estes ficam congelados para que possam ser utilizados num momento oportuno ou ainda, no desenvolvimento de pesquisas, quando não, descartados. Segundo estimativas do Sistema Nacional de Embriões, hoje existem no Brasil cerca de 150 mil embriões congelados.  Mas que preocupação nós devemos ter com os embriões? Quais limites éticos que devem envolver esta questão?
   Em que pese nos dias atuais ser cada vez mais recorrente a ideologia assente de que o embrião não comporte qualquer aspecto humano, uma vez que se tenta justificar por uma tese absurda, que o mesmo não tem consciência ou poder de ação na sociedade (como se a vida dependesse unicamente das relações sociais), e portanto, não merece tanta atenção como é dada pelos pró-vidas, é fato consolidado e conclamado pela ciência que se o embrião não é um ser, então nenhum de nós o poderia, pois algum dia também fomos um embrião. Bater nesta tese sem fundamentos seria o mesmo que afirmar por exemplo, numa comparação bem rasa, que uma árvore nunca foi semente, ou ainda, querermos preservar uma mata sem dar atenção às sementes. O cientista francês Jérônime Lejeune, considerado o “pai da genética moderna” e descobridor da origem genética da Síndrome de Down sempre defendeu de forma muito racional esta tese, senão vejamos uma afirmação bastante esclarecedora sobre o assunto:
“Se um óvulo fecundado não é por si só um ser humano ele não poderia tornar-se um,pois nada é acrescentado a ele." [2].
   É importante observar ainda que na reprodução assistida, o elemento essencial para a geração natural de um ser humano, o amor conjugal, não se faz presente, de modo que a constituição da vida ocorre como se fosse uma mera produção manipulada, em outras palavras, uma manufatura biológica por assim dizer. Este fato traz consigo uma série de abominações que ajudam a relativizar cada vez mais o ser humano, como o caso de homossexuais que tem procurado mulheres dispostas a “alugar” seu ventre para gestar crianças, em troca de dinheiro. Não bastasse isso, em casos mais recentes, dois homens cedem seus espermatozoides para que a fertilização ocorra, de modo que tudo se passa como se fosse um jogo, uma verdadeira brincadeira com a vida de pessoas inocentes.
   A disseminação de métodos de reprodução assistida e seu uso indiscriminado jamais poderão comungar com os princípios cristãos, especialmente a caridade, e isto já foi comprovado nos parágrafos anteriores deste post, contudo, há quem diga que alguns métodos naturais sem sucesso, como o aborto espontâneo, também geram a morte. Com toda a certeza, quem sofre com estes problemas, poderá procurar um especialista para o devido tratamento, contudo, não se pode fechar os olhos e admitir que a vida humana seja manipulada e controlada como se fosse um objeto qualquer.
   Um cristão que se preze não deve jamais defender uma abominação destas, todavia, a disseminação de informação legítima sobre o assunto é necessária para que as pessoas movidas pelo interesse próprio ou pela oportunidade de gerar a vida, não caiam no engodo de muitos que tentam esconder o verdadeiro problema por detrás da questão. O Catecismo da Igreja Católica é taxativo em relação a este tema [3] ao abordar as conseqüências espirituais desta técnica e o caminho penitencial que um casal deve correr caso sofra com a esterilidade. Caso você conheça algum irmão ou irmã que pretende fazer uso desta técnica, não deixe de alertá-lo sobre o que tratamos aqui.

REFERÊNCIAS
1. http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/07/jn-mostra-discussao-delicada-sobre-destino-dos-embrioes-congelados.html

3. Catecismo da Igreja Católica (2376, 2378, 2379)

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Madre Teresa e o Aborto

Conheça o pensamento de Santa Teresa de Calcutá a respeito do aborto


No domingo, 04 de agosto, a Igreja declarou a santidade de Madre Teresa de Calcutá. Reconhecida no mundo inteiro pelo trabalho desenvolvido em atenção aos mais pobres, especialmente na Índia. Madre Teresa, ou melhor, Santa Teresa de Calcutá, ao que poucos sabem, também foi uma das mais proeminentes defensoras da vida no terceiro mundo, declarando-se inúmeras vezes contra o aborto, controle da natalidade e contracepção, sendo por isso, duramente criticada e perseguida.
O contexto presente na Índia à época em que Santa Teresa da Calcutá desenvolvia seu trabalho em auxílio aos pobres e doentes, ajudam a compreender melhor a sua luta em favor da vida. Desde a década de 1950, o país foi alvo de debates entre os demógrafos mundiais, especialmente quando em 1952, fundou-se o Conselho Populacional em Williamsburg, Estado de Nova York, tendo entre seus mentores John Rockefeller III, neto do magnata americano do petróleo, que passou a investir pesadamente em pesquisas e métodos para o controle populacional, dentre eles, o aborto.
Em 1950, a Índia possuía a segunda maior população do mundo (371.857) segundo a ONU, perdendo apenas para a China (550.771). Esta constatação chamou a atenção do Conselho Populacional, que passou a tratar do fato com um problema que colocava em cheque a segurança mundial. Entre 1959 e 1968, o Conselho Populacional começa a investir pesadamente no controle de natalidade por meio da esterilização e desenvolvimento de métodos contraceptivos. É nesta época que se implantam na Índia, fábricas de Dispositivos Intra-uterinos (DIU). Neste ínterim, mais especificamente no ano de 1966, a Fundação Rockfeller, passa a pressionar países de terceiro mundo para que estes assinassem uma declaração reconhecendo o crescimento populacional como um problema grave, a fim de que a ONU também pudesse ver o fato como uma ameaça e se unisse aos interesses das Fundações Ford e Rockefeller. A Índia foi uma das signatárias da declaração.
Em 1971, 8 anos antes de Santa Teresa de Calcutá receber o prêmio Nobel da Paz, o aborto é legalizado na Índia. Ao contrário dos governos e fundações, que imaginavam ser o crescimento populacional a pior ameaça para a humanidade, Madre Teresa considerava o aborto como uma desgraça tão grande que poderia ser tratada como um fator de destruição total do homem mais que qualquer doença ou privação material, senão vejamos uma de suas mais celebres frases sobre o assunto:
“Temos medo da guerra nuclear e dessa nova enfermidade que chamamos de AIDS, mas matar crianças inocentes não nos assusta. O aborto é pior do que a fome, pior do que a guerra.”
No ano de 1974, em pleno ápice do desenvolvimento de pesquisas demográficas e de controle populacional, quando se funda o IPAS, uma instituição privada internacional com sede na Carolina do Norte, cujo principal objetivo é a difusão do aborto clandestino nos países em desenvolvimento, surge um documento denominado relatório Kissinger, que passa a considerar o controle populacional no terceiro mundo, como um fator imprescindível para a segurança dos Estados Unidos.  Para Santa Teresa de Calcutá, ao contrário dos demógrafos, o aborto é a principal ameaça à paz na humanidade:
“Mas eu sinto que o maior destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança – um assassinato direto de um inocente – um assassinato pela própria mãe. E se nós aceitarmos que uma mãe pode matar até mesmo sua própria criança, como nós podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?”
Mesmo diante de uma realidade difícil na Índia, com um grande número de crianças abandonadas, Santa Teresa ousou lutar contra a mentalidade então subjacente que começava a mostrar-se em seu tempo, quando emergem opiniões no sentido de que o problema da pobreza deveria ser tratado entre outras formas por meio da contracepção e controle sobre a natalidade. Vejamos o que Teresa de Calcutá respondeu a Malcom Muggeridge, jornalista britânico, quando a questionou sobre o que ela pensava a respeito de pessoas que argumentavam haver muitas crianças na Índia
“Eu não concordo, porque Deus sempre providencia. Ele provê as flores e os pássaros, para tudo no mundo que ele criou. E essas crianças são a sua vida. Não pode nunca ser o bastante.”
Diante de afirmações tão claramente expostas, podemos com certeza concluir que a luta pela vida é importantíssima, e Santa Teresa de Calcutá, melhor que qualquer um de seu tempo, reconhecia que os problemas da pobreza e das doenças no mundo não devem ser tratadas pela morte de um inocente. A vida deve ser defendida em qualquer circunstância, e por isso, louvamos hoje a Deus por ter nos dado a graça de termos mais uma intercessora dos defensores da vida junto ao Pai do céu, rogando por este trabalho que foi considerado pelo Santo João Paulo II, o mesmo que beatificou Madre Teresa, como o mais importante da terra. Santa Teresa de Calcutá, rogai pelos defensores da Vida.

REFERÊNCIAS
2.Texto Cronologia da Cultura da Morte
4.http://pt.churchpop.com/6-frases-de-madre-teresa-de-calcuta-sobre-aborto/