segunda-feira, 26 de maio de 2014

Maria realmente teve outros filhos além de Jesus??



O último post publicado neste blog, dedicado à explicação sobre a virgindade perpétua de Nossa Senhora gerou alguns questionamentos de um irmão protestante. A luz destas indagações publicaremos três artigos, dando conta de 3 temas que sempre estão em proeminência nos debates entre Católicos e protestantes. O primeiro destes temas está relacionado à suposta existência de outros filhos de Maria, conforme defendem os protestantes. Segue abaixo o comentário do nosso colega:

eu creio no que esta escrito na biblia maria teve sete vilhos apos jesus se nao crerem nas escrituras estao disendo que jasus mente porque jesus diz examinar as escrituras porque elas falao de mim e cuidar deter nelas a salvaçao”

Cabe ressaltar que nós Católicos também acreditamos na bíblia, afinal foram os apóstolos, bispos e monges da Igreja que durante muitos anos copiaram, traduziram e protegeram as escrituras. Além disso, a Santa Igreja sempre deu suporte necessário aos fiéis através da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério, de tal modo que o povo pudesse compreender de fato os sentidos das escrituras.
Assim aconteceu até o século XVI, quando surgem os primeiros levantes contra a Igreja. A partir daí muitos adeptos do dogma do livre exame das escrituras começaram a interpretar a bíblia à sua própria maneira e passaram a instituir (sem qualquer autoridade) suas próprias “religiões”. Este fato trouxe como consequência a disseminação do relativismo religioso, culminando na multiplicidade de seitas que chegam até mesmo ao absurdo de pregar preceitos totalmente contrários à cristandade (aborto, casamento gay, drogas e etc). Para se ter uma ideia da distância do pensamento dos primeiros protestantes com os de hoje, basta pegar os escritos de Lutero e Calvino sobre a devoção à virgem Maria.
A afirmação do irmão acima, é um exemplo (dentre muitos) do veneno escondido por trás da interpretação independente das escrituras. Entretanto, a partir de observações bem localizadas nas escrituras, podemos levantar fortes evidências para contra-argumentar a proposição apresentada pelo irmão protestante.
A primeira evidência encontra-se na passagem que relata a perda e o encontro de Jesus em Jerusalém (Lc 2,41-52). Neste trecho, os três personagens centrais destacados pelo evangelista são: Maria, José e Jesus, sendo que este último já contava com 12 anos de idade, ou seja, até este momento não há qualquer menção de um suposto irmão de Jesus, mais ainda, se Maria tivesse mesmo 7 filhos após Jesus, ao menos um deles estaria presente neste relato.
O relato da crucificação segundo São João (Jo 19,26-27) também serve para evidenciar a ausência deste suposto irmão de Jesus. Sabe-se que após a crucificação, Maria corria o risco de se tornar uma viúva desamparada (o evangelista não cita São José nesta altura) e sem apoio social, caberia portanto ao seu parente mais próximo, a tarefa de ampará-la após a morte do seu filho. Neste trecho o evangelista destaca a entrega da mãe de Deus ao discípulo amado, que depois à levou para sua casa, logo, concluí-se que não existe qualquer indício dos "irmãos" de Jesus, e até mesmo a bíblia corrobora este fato.
A raiz desta confusão encontra-se nas passagens fazem referência os irmãos de Jesus (Mc 3,31; Jo 2,12; At 1,14; 1Cor 9,5; Gl 1,19). Os irmãos citados pelos apóstolos e evangelistas são na verdade primos ou parentes próximos. Vale lembrar que o contexto familiar da época era bem diferente do nosso. Sabe-se que naquele tempo o Estado não garantia proteção aos cidadãos e portanto, cada pessoa ou família, deveria se proteger da maneira que fosse possível, maneira esta que consistia no convívio e amparo dos parentes mais próximos à fim de que todos pudessem proteger-se mutuamente. 
Neste núcleo de convivência era muito comum denominar "irmãos" aqueles que embora não nascessem da mesma mãe, convivessem juntos. Vemos isto claramente nas passagens de: Gn 11,27; 13,8 quando Abraão chama Lot de Irmão, quando na verdade era seu sobrinho (Gn 12,4-5), ou quando Labão chama Jacó de irmão (Gn 29-15).
Respondendo por fim ao título deste artigo, afirmamos que Maria teve e tem outros filhos sim, e estes filhos de Maria somos todos nós que acreditamos na sua intercessão e na sua geração materna para o mundo espiritual, como nos diz São Luiz Maria Monfort:

                                                                                  “Santo Agostinho, ultrapassando-se a si mesmo e a    tudo o que acabo de dizer, afirma que os predestinados, para se tornarem conforme à imagem do filho de Deus, vivem neste mundo escondidos no seio da Virgem Maria. Lá são guardados, alimentados, sustentados e criados por esta boa Mãe até que ela os gere para a glória após a morte” (Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria, p.36. Monfort, São Luiz Maria)

Portanto, Maria é sim mãe de muitos filhos cuida de cada um, como uma mãe grávida que aguarda ansiosamente o seu nascimento. Nascimento este que se dará no dia em que seus filhos entrarão na glória eterna.

Santa Mãe Virgem e puríssima, Rogai por nós.

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