É possível comemorar a revolução
protestante diante dos frutos gerados pelo levante?
No último dia 31, foi comemorado
no mundo protestante, os 500 anos do levante de Lutero contra a Igreja Católica
ao pregar na porta da Capela de Wittemberg, 95 teses que questionavam alguns
preceitos milenares da Santa Igreja. Desde então, o cisma ganhou força e o
protestantismo se espalhou por grande parte da Europa e posteriormente, atingiu
o mundo Ocidental que há muitos anos se estabelecia no fundamental ensinamento
Cristão Católico. A partir disso, que conseqüências foram geradas por esta
grande cisão dentro da Igreja que levou um grande número de pessoas a aderirem
aos ensinamentos de Lutero e seus asseclas?
Não se pode fazer uma análise
completa a respeito dos frutos gerados pelo levante do protestantismo, sem
considerar os principais dogmas encabeçados então pela corrente teológica
luterana. Os chamados “Solas” de Lutero
foram cruciais para que 1500 anos de árdua evangelização e lutas contra
heresias, todas elas destruídas por grandes mentes da escolástica e da patrística
como Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Santo Atanásio entre outros,
fossem colocadas abaixo em questão de anos, e que poderiam ter sucumbido com a
fé autêntica dos apóstolos não fosse o trabalho árduo da Igreja a partir do
Concílio de Trento, considerado o mais longo da história, e a promessa do
próprio Cristo quando este afirmou que as portas do inferno não prevaleceriam
contra a mesma (Mt 16,18).
Os dogmas e questionamento de Lutero,
os quais constituíram posteriormente a base do protestantismo, não teriam força
se não estivesse disseminada, em seu tempo, uma corrente filosófica compatível
com seu pensamento. O nominalismo, vertente filosófica de Guilherme de Occam,
destruiu o conhecimento escolástico que vinha sendo estabelecido dentro dos
mosteiros, de forma muito particular a metafísica. Neste ínterim, a
disseminação dos erros do protestantismo sobre grande parte do continente
europeu seria apenas questão de tempo.
O dogma do Sola Scriptura, afirma que apenas a Sagrada Escritura é fonte de
autoridade de fé entre os cristãos. Com isto, renega-se o Magistério e a
Tradição como determinantes, unidos à Escritura no estabelecimento da regra de
fé para unidade com a Igreja. O problema se amplia quando este dogma se une ao
livre exame das escrituras, que também veio alinhado com o primeiro na
revolução protestante. A explosiva união destas duas concepções gerou, por
conseguinte, mais divisões até mesmo entre os protestantes que hoje sequer
chegam ao consenso no que diz respeito aos aspectos básicos da fé: alguns, por
exemplo, afirmam segundo sua própria interpretação da bíblia que o dia dedicado
ao Senhor é o Sábado e não o Domingo, outras admitem o divórcio e até mesmo
casamento gay já é possível entre algumas denominações protestantes.
Outro dogma que fundamentou o
levante é o Sola Fide, este derivado
do Sola Sciptura, que se fundamenta
na concepção de que apenas a fé é capaz de salvar um cristão, não sendo
necessárias as obras de penitencias, especialmente as indulgências como forma
de reduzir as penas temporais, mas somente a fé. Interessante observar que
todos estes pressupostos são facilmente derrubados pela própria escritura que
afirma entre outras coisas, ser a Igreja a autentica interprete da Escritura e
sustentáculo da Verdade (I Tm 3,15), além de declarar a livre interpretação das
escrituras como fonte de confusão (I Pd 1,20) e ainda, a esterilidade
proveniente de uma fé que não se traduz em obras (Tg 2,26). Infelizmente, o
relativismo e a confusão gerada hoje entre os protestantes têm como fonte a
rebeldia de Lutero que assim como Satanás, revoltou-se contra Deus,
precipitando no abismo dos infernos por sua conduta.
Se é pela árvore que se conhece
os frutos (Lc 6,44), podemos perceber as consequências derivadas da revolução
encabeçada por Lutero. De um lado, um grupo numeroso de seitas que crescem a
cada dia, tendo entre sim um único ponto de concordância: o ódio à fé Católica
e tudo o que ela proporciona, e de outro, um número cada vez maior de pessoas
caindo no ateísmo e no relativismo, pensando que sua forma de vida basta para
agradar a Deus desde que tenha fé. Não se pode comemorar um infeliz desfecho
destes, ainda mais vindo dos Católicos. Peçamos a Deus pela unidade dos
cristãos.
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